Há décadas, os jogos de luta exercem um fascínio sobre os aficionados pelas disputas um contra um. Com o lançamento de Street Fighter 2, em fevereiro de 1991, a indústria de jogos eletrônicos se viu diante de uma explosão dentro do gênero de fighting games, que ainda era recém-explorado, e lançamentos surgiam aos montes, com diversas empresas querendo uma fatia do bolo que a Capcom praticamente “monopolizava”. Dentre a grande variedade de títulos lançados, um dos que mais se destacou na época foi Art of Fighting, um icônico jogo da empresa japonesa SNK, no qual conhecemos alguns dos personagens mais amados dos games em geral: Ryo e Robert.
Apesar do sucesso, a série viu seu último título, o terceiro da franquia, ser lançado em 1996, deixando os fãs na esperança de uma sequência por quase 30 anos. Considerando que a SNK está sob nova direção e que a empresa retornou com títulos como The King of Fighters, Samurai Shodown e está desenvolvendo um novo Fatal Fury (Garou Mark of the Wolves 2), Art of Fighting teria a chance de também ressurgir das cinzas em um futuro não muito distante?
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Ligação com Fatal Fury
O enredo do jogo nos leva à cidade fictícia de South Town, onde Ryo e Robert enfrentam vários oponentes em busca de informações sobre Yuri, irmã de Ryo e namorada de Robert, que foi sequestrada. Eles enfrentam diversos lutadores, como Jack Turner, um brutamontes capaz de derrotar o jogador adversário em poucos golpes; King, uma habilidosa lutadora de Muay Thai que se tornou uma das personagens femininas mais impactantes e queridas dos games; Mr. Big, um dos grandes criminosos de South Town, que é um habilidoso lutador e usa bastões em suas lutas, sendo o chefe final do primeiro jogo. Também conhecemos o enigmático Mr. Karate, que mais tarde descobrimos ser Takuma Sakazaki, pai de Ryo e Yuri, que foi forçado a trabalhar para Geese Howard, o icônico personagem que já conhecemos em Fatal Fury.
Falando na franquia de Terry Bogard, Art of Fighting se passa na mesma cidade e, pelo menos o primeiro título, tem seus acontecimentos ocorridos 10 anos antes do primeiro Fatal Fury, sendo uma espécie de prequel da franquia.
Partindo para a porrada
A comparação com Street Fighter 2 foi inevitável, inclusive com algumas pessoas acusando o jogo de ser apenas um clone piorado do famoso game da Capcom, principalmente devido ao estilo visual e a alguns golpes similares entre o lutador Ryo Sakazaki e Ken, o personagem de SF2. No entanto, o jogo da SNK está longe de ser um clone, pois introduz mecânicas que até então eram inexistentes no jogo concorrente.
Um dos aspectos que chama a atenção de imediato é o efeito de zoom aplicado ao jogo. Hoje em dia, pode parecer algo comum, mas na década de 90 era algo fascinante. Quando nosso personagem e o oponente estavam próximos, víamos bonecos enormes, com sprites gigantes, que encantavam os jogadores em um gênero de games que ainda estava se desenvolvendo. À medida que nos afastamos, os personagens diminuem de tamanho, revelando ainda mais os cenários do jogo.
Entretanto, o principal diferencial do jogo era sua barra de Ki, da qual os personagens dependem para desferir seus golpes especiais. Diferentemente de Street Fighter, por exemplo, onde poderíamos desferir inúmeros Hadoukens seguidos, muitas vezes sendo o suficiente para vencer oponentes iniciantes, em Art of Fighting isso não era possível. A cada golpe desferido, a barra de Ki era consumida e, ao se esgotar, o personagem ainda conseguia executar o golpe, porém com pouco ou nenhum efeito, sendo apenas um movimento básico do golpe.
Para recuperar a capacidade total de desferir movimentos especiais, era necessário recarregar a barra de Ki, pressionando e segurando alguns botões por alguns segundos, enquanto o personagem escolhido concentrava seu poder novamente. Além disso, era possível diminuir a barra de Ki do oponente ao provocá-lo durante a luta. Essas mecânicas exigiam uma estratégia bastante diferente, já que era necessário gerenciar a barra de Ki e escolher o momento adequado para recarregar (ou provocar) sem ficar vulnerável a um contra-ataque do oponente.
Outro elemento estratégico do jogo são os super golpes especiais, que podem ser executados quando o personagem possui menos de 25% de vida e a barra de Ki está completa. Esses golpes causam um grande dano ao oponente e podem ser decisivos para reverter uma partida.
De longe o ponto negativo do game era a limitação na escolha de personagens, tendo o jogador a opção de escolher apenas entre Ryo Sakazaki e Robert Garcia.
Assim como em Street Fighter 2, entre algumas lutas éramos desafiados por fases bônus, como quebrar garrafas ou enormes placas de gelo.
As mudanças no título seguinte da franquia
Art of Fighting 2, lançado em 1994, trouxe melhorias gráficas significativas e novos personagens. Entre os destaques estão Yuri Sakazaki, filha de Takuma Sakazaki, irmã de Ryo e namorada de Robert Garcia, que agora se tornou uma personagem jogável. Além disso, o ninja Eiji Kisaragi foi introduzido no jogo e foi bem recebido pelos jogadores, posteriormente aparecendo também em The King of Fighters 95. O chefe final do jogo, Geese Howard, tornou-se um dos personagens e chefes mais icônicos nos jogos de luta da época.
Diferente do primeiro título, agora era possível escolher os outros personagens, não se limitando apenas a Ryo e Robert.
Art of Fighting 3 – a última dança?
No terceiro título da série, lançado em 1996, houve uma renovação significativa no elenco de personagens. Dos lutadores originais, apenas Ryo e Robert retornaram. A maioria dos personagens do jogo foi composta por novas adições. Entre os novos personagens, Kasumi Todoh foi a única a se destacar e alcançar sucesso, posteriormente aparecendo em The King of Fighters 96. Sua popularidade a levou a se tornar uma personagem bastante querida pelos jogadores e até hoje os fãs pedem que ela retorne em outros jogos da SNK.
Uma das características marcantes do jogo foi a utilização de capturas de movimentos para criar os sprites dos personagens. Isso resultou em animações fluidas e detalhadas, sendo consideradas algumas das mais impressionantes produzidas pela SNK na época.
A história do jogo gira em torno de Robert Garcia, que parte em busca de informações sobre uma amiga de infância que desapareceu durante uma expedição ao México. Yuri Sakazaki ainda faz parte da história do jogo, mas não é um personagem jogável.
Inovações visuais, mas jogabilidade problemática
A série Art of Fighting trouxe inovações, como a aplicação de zoom durante as lutas, mecânica que a empresa utilizou e que se tornou mais famosa em sua série de jogos Samurai Shodown. Além disso, os golpes desferidos causavam danos aos personagens, sendo possível ver, muitas vezes, seus rostos inchados. No entanto, talvez a mecânica visual que mais chamava a atenção era a capacidade de rasgar as roupas de alguns personagens ao vencer o round com algum golpe especial.
Agora vamos abordar um grande problema de Art of Fighting: sua jogabilidade. Em comparação com jogos como Street Fighter 2, Mortal Kombat e até mesmo Fatal Fury, a franquia protagonizada por Ryo e Robert tinha uma jogabilidade bastante rígida e limitada. Além disso, era extremamente difícil executar os golpes especiais, principalmente os golpes super especiais. Essa dificuldade também era perceptível em certa medida no primeiro jogo da série Fatal Fury, mas se agravava ainda mais em Art of Fighting. Esse aspecto, sem dúvida, afastou muitos jogadores do jogo, que frequentemente perdiam fichas não por falta de habilidade em realizar os golpes, mas devido à precisão exigida pela execução dentro do sistema do jogo. Esses problemas não eram encontrados quando jogávamos com os personagens da franquia que apareciam na série The King of Fighters, sendo estes alguns dos favoritos dos jogadores.
E o futuro da série?
Desde o seu último lançamento em 1996, os fãs dos jogos e dos personagens de Art of Fighting têm se perguntado se a franquia algum dia retornará. Após enfrentar vários problemas, a SNK foi adquirida por um grupo chinês em 2015 e desde então têm lançado com relativo sucesso os dois jogos mais recentes da série The King of Fighters, as versões 14 e 15, além de um reboot de Samurai Shodown, que foi muito bem recebido pelos jogadores. Esses lançamentos recentes mostram que a SNK está ativa e ainda interessada em reviver suas franquias clássicas. Embora não haja informações concretas sobre um possível retorno de Art of Fighting, os fãs podem manter a esperança de que a série possa ressurgir no futuro, especialmente considerando o sucesso recente da SNK com seus títulos.
Uma das reclamações dos fãs, que gera especulações sobre uma possível sequência do título, está relacionada à série KOF. Não é segredo que a presença dos personagens de Art of Fighting tem diminuído a cada lançamento da franquia The King of Fighters. Com exceção de Ryo, Robert e Yuri, a empresa não tem se esforçado muito para aproveitar os outros personagens da franquia, embora alguns tenham aparecido mais de uma vez, como Eiji Kisaragi, Kasumi Todoh e Takuma Sakazaki. É comum encontrar críticas na internet sobre a ausência de vários personagens da franquia nos KOF’s mais recentes, enquanto a empresa opta por trazer alguns personagens novos que são considerados genéricos por grande parte dos jogadores.
Mas os fãs não perdem a esperança de ver um novo título da franquia, especialmente após o reboot de Samurai Shodown e o anúncio de um novo jogo Fatal Fury, Garou: Mark of the Wolves 2, que ainda não possui data de lançamento definida. Quem sabe com o sucesso de Garou, a SNK passe a dar mais atenção à sua outra franquia de jogos de luta? Resta esperar para ver.
E você, fã de Art of Fighting, acredita que a série terá um novo lançamento no futuro?
1 comentário
Que linda matéria, sobre uns dos meus jogos favoritos, pleno 2023, se eu pego um emulador, ja baixo A.F.1 muita nostalgia.
O jogo a frente do seu tempo sem dúvidas, oque sempre me chamava muita atenção , era o som. O som!! No fliper que jogava, nao era tao alto mas a clareza dos “póáhh” era absurda, em cada final de golpe especial. Era lindo escutar aquilo, ainda é. Em kof94 ainda tinhaDepois tiraram uma pena.
A.f. tinha golpes.com combinação de 2 botoes, forte mais soco, sai uma especie de gancho(liverblow) e se fosse forte mais chute saia uma bicuda nas canelas , se pegava ,ja derrubava os caras, muito bom. Que jogo!!
Um detalhe interessante era a memória do buffer, voce fazia meia lua no comando, esperava ate uns 2 segundos, ai apertava soco, saia o haouken kkkk.
Af jogo do coração, vlw Beakman pela materia!!