Nós do Round 1 temos o prazer de apresentar uma figura notável na cena de jogos de luta: Gisele Bizarra, conhecida por seu nickname LadyCarmesin. Com uma combinação única de habilidades de jogo e criatividade artística, LadyCarmesin se destaca como uma jogadora apaixonada e talentosa, além de ser uma criadora de personagens excepcional.
Além de suas habilidades de jogo, LadyCarmesin é conhecida por sua veia criativa, expressa em sua capacidade de desenhar e criar personagens de forma única e envolvente. Essa habilidade adiciona uma dimensão especial à sua jornada nos jogos de luta, destacando sua conexão profunda com a arte e a narrativa por trás dos jogos.
Hoje, convidamos você a mergulhar no mundo de LadyCarmesin, onde veremos um pouco de sua perspectiva sobre a comunidade feminina de jogos de luta, jogar diante de demasiadas pressões da vida e sobre o equilíbrio entre paixão e responsabilidades. Prepare-se para uma conversa inspiradora e enriquecedora com uma figura que verdadeiramente personifica a essência da comunidade dos Fighting Games.
Confira o bate-papo entre LadyCarmesin e o nosso repórter, Rodrigo “Beakman” Simões.
Beakman: Olá, LadyCarmesin, é um prazer ter você aqui para esta entrevista! Gostaria de começar agradecendo por dedicar seu tempo para compartilhar suas experiências de jogo conosco! Poderia nos contar quais são os jogos de luta que criaram em você a paixão pelos fighting games e por que esses títulos em particular são tão especiais para você?
LadyCarmesin: Desde que comecei com jogos de luta lá nos anos 90, jogando no Mega Drive, eu pude experimentar vários títulos. Não me lembro o nome de todos, infelizmente. No entanto, duas franquias marcaram minha adolescência: Street Fighter e KOF.
Street Fighter me marcou porque foi o primeiro jogo de luta que joguei. Ainda me lembro do meu primo mais velho me ensinando os comandos e eu super contente por conseguir fazer um hadouken. E já tendo minha personagem principal que era a Chun-li. Isso foi lá nos meus 12 anos.
KOF me chamou a atenção pelo sistema de 3 personagens para jogar, apesar de não jogar tão bem. Aliás, não jogo KOF de forma decente até hoje. Porém, os personagens são cativantes. E esses personagens marcaram minha adolescência. Meu Ensino Médio era ir até o fliperama jogar KOF97 e 98 quando liberavam a gente mais cedo devido à falta de algum professor.
Hoje ainda gosto das duas franquias e de outras mais. O gênero em si me atrai muito. Sempre gostei de ler sobre os personagens, desenhá-los, ficar imitando as falas dos personagens em segredo (tá, não é mais segredo… e em lives às vezes faço isso).
Beakman: Gostaríamos de conhecer mais sobre sua vivência nos fliperamas. Você tinha amigas que compartilhavam do mesmo interesse e frequentavam contigo para jogar? Além disso, poderia nos contar como era a dinâmica de interação e a recepção das pessoas nos arcades durante esse período?
LadyCarmesin: Quando saíamos mais cedo da escola, minhas amigas iam comigo até a porta do fliperama. Elas me deixavam lá e iam dar uma volta no centro até dar o horário dos nossos ônibus. A gente se encontrava depois. Nos fliperamas nunca tive amigas jogando junto. Minhas amigas não gostavam de videogame. Depois disso, já no primeiro emprego, eu ia com um amigo que trabalhava comigo. E eu também tenho meu irmão. Vez ou outra ele vem perguntar como tá meu ranque no Street 6 e conta como anda a vida de Zangief e Jamie dele na ranqueada.
Na época de escola, eu costumava jogar sozinha no fliperama. Devido ao horário, não tinha muita gente por lá. Porém, quando era fim de semana, uma ou outra pessoa entrava contra. Tinha gente que estufava o peito pedindo pra entrar contra uma menina nanica que nem eu. O dono do fliperama uma vez me falou que eu dava lucro pra ele, porque os caras perdiam e iam comprar mais fichas pra me tirar da máquina. Pode parecer mimimi, sei lá… Mas em algumas pessoas dava pra ver na cara que o fato de eu ser mulher era um motivo pra achar que eu não jogava nada e que ia fazer graça para os amigos me tirando da máquina. Só que perdiam e ficavam bravos. Felizmente, esses eram a minoria.
Beakman: Interessante, de fato é fácil entender como algumas pessoas poderiam agir de maneira desagradável. Você mencionou que suas amigas não jogavam, porém, estamos notando um aumento significativo no interesse e na participação das mulheres nos jogos de luta e games em geral. Diante disso, como é a sua sensação ao fazer parte desse grupo de jogadores? Na sua opinião, quais melhorias positivas você percebeu e quais desafios específicos ainda afetam as mulheres nesse ambiente?
LadyCarmesin: Eu fico contente que o número de jogadoras esteja aumentando. Jogar videogame é um hobby como qualquer outro e tem muita gente que apoia. Porém, ainda existem pessoas que julgam a habilidade olhando para o gênero da pessoa. São minoria, mas ainda estão por aí. Ah, sem contar as situações que envolvem assédio. Tem mulher que prefere ficar na dela, às vezes jogando sob um nick masculino, a correr o risco de lidar com essa minoria.
“Ah, mas as meninas não deviam dar bola pra essas coisas”.
Pra algumas pessoas é mais fácil não dar bola, para outras não. Eu mesma já pensei várias vezes em mudar meu nick pra algo mais masculino, mas sempre tem uma palavra amiga de alguém próximo falando que eu tenho que ser a Gisele ou a LadyCarmesin mesmo.
Beakman: É realmente lamentável que uma jogadora sinta a necessidade de alterar seu nome de usuário no jogo para evitar problemas. Na sua opinião, quais passos a comunidade de jogadores e as desenvolvedoras de jogos podem dar para tornar esse ambiente mais acolhedor e igualitário para todos, independentemente de gênero?
LadyCarmesin: De tudo o que vejo dentro da comunidade, dos eventos e tudo mais, mesmo isso sendo 90% apenas de forma virtual (infelizmente não consigo participar presencialmente), o pessoal já dá o seu melhor para afastar qualquer um que possa tornar o ambiente desagradável. Acredito que manter esse cuidado já seria um passo. E bons exemplos sempre ajudam na conscientização.
Beakman: Esperamos que essa tendência positiva de evolução continue. Agora, quanto aos jogos, quais são os títulos que você tem se dedicado ultimamente? Quais experiências ou aspectos desses jogos têm mantido você interessada?
LadyCarmesin: Ultimamente tenho me dedicado ao Street Fighter 6. Uma coisa que venho curtindo é a vontade que o jogo me traz de sair da zona de conforto. Eu sempre tive muita dificuldade de sair do meu personagem principal pra experimentar outros. Porém, nesse Street tô curtindo muito jogar com outros personagens. Até tem a situação de eu ter trocado de personagem principal.
E essa vontade de experimentar vários personagens estou tendo com relação a outros jogos de luta que estão para sair.
E Street Fighter 6 está me ensinando a ter mais paciência em ranqueada, aproveitando ao máximo as partidas que faço sem pressa em subir de ranque. Lógico que tem um dia ou outro em que o sal vem, mas a paciência tem ganhado mais espaço.
Beakman: Ah, o sal, um fiel companheiro de jornada nos jogos. 🥲 Mudando um pouco de assunto, estou curioso para saber quais são os próximos lançamentos que estão capturando a sua atenção. Quais jogos você está considerando jogar em um futuro próximo?
LadyCarmesin: Tekken 8, GBVSR (Granblue Fantasy Versus: Rising), Pocket Bravery, o novo Fatal Fury… Talvez o MK1. É tanto jogo. Se eu pudesse, jogaria todos os jogos de luta 😂
Beakman: Falando sobre o GBVSR (Granblue Fantasy Versus: Rising) e considerando a versão atual do jogo, me recordo de suas participações em torneios e partidas diversas. Agora, olhando adiante, quero saber qual é a sua expectativa para esse novo jogo. Você está pensando em jogá-lo de forma competitiva em campeonatos?
LadyCarmesin: Fiz algumas partidas no beta e acredito que o jogo vai ser muito bom. Particularmente, terei que treinar muito por causa das coisas novas que tem nele, mas aí entra a paciência que o Street Fighter 6 tá trazendo.
Quanto ao jogar competitivamente, acho que só depois de um bom tempo de treino 🤣 Pessoal da comunidade mais firme no jogo joga bem mais e melhor que eu.
Beakman: 😂Realmente, a comunidade de Granblue é repleta de jogadores habilidosos. Em relação à prática, você segue alguma rotina específica de treinamento? Quanto à paciência, mencionou anteriormente que é um ponto que tem trabalhado no Street Fighter 6. Como você percebe que o desenvolvimento dessa característica tem impactado o seu desempenho como jogadora?
LadyCarmesin: Infelizmente, devido à correria do trabalho, não tenho uma rotina de treinamento. Eu meio que pratico direto no online contra o pessoal no pouco tempo que tenho pra jogar. Vez ou outra, quando quero ver algo específico, vou no treino.
A paciência me faz ver que não preciso me afobar nas lutas e que não devo cobrar de mim evolução rápida. Sem pressão, o resultado vem com mais satisfação, mesmo que devagar.
Beakman: Você trouxe um ponto bastante interessante que certamente pode ser motivador para muitos leitores. É compreensível que a agitação do dia a dia e as pressões da vida frequentemente possam afetar o prazer que temos em jogar. Como você consegue equilibrar sua paixão por jogos de luta com outras obrigações, como trabalho, estudos ou até mesmo outros interesses? E qual é a importância dos jogos de luta em sua vida, tanto para relaxar quanto para superar desafios pessoais?
LadyCarmesin: O primeiro passo, pra mim, foi aceitar que já não estava mais sendo possível jogar o tanto de tempo que eu jogava. Lutar contra isso só me deixava nervosa com a sensação de que eu já não tinha mais tempo pra mim. Eu só tive que me organizar. Se eu consigo adiantar bastante coisa no trabalho, aí jogo no meio da semana. Não conseguindo, aí a jogatina é só em sexta e sábado. (sic)
Os jogos de luta são diversão e válvula de escape. Tem dias que saio com a cabeça tão cheia do trabalho. Umas partidinhas me fazem esquecer um pouco das coisas.
E um desafio pessoal é o me cobrar menos. (sic)
Beakman: Entendemos o impacto da pressão do tempo em muitas fases da vida. É bom ver que você conseguiu se adaptar e continuar desfrutando de sua paixão. Sobre o desenho de personagens, você mencionou gostar dessa atividade. É um hobby ou algo que você também faz profissionalmente? Como você aborda o desenho de personagens e qual é a importância disso para você?
LadyCarmesin: Atualmente é um hobby. Já cheguei a fazer alguns desenhos por encomenda, mas não muitos.
Desenhar sempre andou junto com os jogos. Quando adolescente, eu desenhava os personagens dos quais gostava e isso vai até hoje, apesar de eu não estar desenhando muito ultimamente. Gosto de criar personagens também. Eu até comecei uma brincadeira de criar um jogo de luta de mentirinha. Já tenho o enredo e alguns personagens criados 🤭
Beakman: Seria fascinante a possibilidade de jogar um jogo criado por alguém da nossa própria comunidade, não é? Você já imaginou um nome fictício para esse jogo? E levando em consideração seu talento para desenhar personagens que gosta, poderia nos contar qual personagem, em sua opinião, é o mais cativante dentre os jogos de luta? O que faz esse personagem se destacar para você?
LadyCarmesin: Já imaginei. O nome seria Third Eyes Ascendance. Eu quis trabalhar com essa temática do terceiro olho ligada a habilidades especiais que ele ofereceria aos portadores.
Sobre o personagem mais cativante, agora você me pegou 🤣 Dentre tantos que eu gosto, acho que não conseguiria escolher só um. E tem um pessoal que sabe que sempre tem um personagem que eu acho bonito nos jogos, que na maioria das vezes, acaba sendo meu personagem principal. Ah, difícil, difícil.
Beakman: Já que definir o personagem é complicado, vamos tentar outra abordagem. 😅 Na sua opinião, qual Fighting Games de todos os tempos mais se destaca pelo enredo mais meticulosamente construído? Quais aspectos desse enredo específico atraem a sua atenção e de que forma eles influenciam o seu próprio processo criativo?
LadyCarmesin: Bom, apesar de não ter jogado todos os jogos da franquia, eu gosto da história do KOF, que a cada período nos deu protagonistas diferentes, mas sempre deixando um gancho para o protagonista antecessor, se é que dá pra usar esse termo. KOFXV mesmo, dando abertura pra tantas histórias serem recontadas.
Mas não posso deixar de citar o Street Fighter 6 com o seu World Tour. Foi muito legal poder conhecer mais do dia a dia dos personagens fora das lutas.
Isso inspira a criar personagens que sejam muito mais do que só um design e golpes legais.
Beakman: Para finalizar, com sua experiência na comunidade de jogos de luta, que mensagem positiva você gostaria de transmitir às novas jogadoras que possam estar se sentindo inseguras em participar devido a possíveis preocupações? Suas palavras podem ser inspiradoras para aquelas que estão considerando dar o primeiro passo nesse mundo dos games de luta.
LadyCarmesin: Primeiro, eu queria convidar as meninas que ainda não jogam o gênero a experimentarem. Vários jogos aí tem versão demo e vai ter um até com versão gratuita. Bora experimentar.
A comunidade é muito receptiva e com certeza vocês terão apoio do pessoal no que precisarem.
Beakman: LadyCarmesin, em nome do Round 1 e de toda a nossa comunidade agradecemos profundamente essa maravilhosa entrevista. Foi especial ter você aqui, uma jogadora tão talentosa e criativa, enriquecendo nosso bate-papo. Mas assim como nos jogos de luta, chegamos ao final do round decisivo, e você é a vencedora indiscutível deste encontro. É como se estivéssemos nos preparando para o “Finisher”, e agora é o seu momento de brilhar com um “Friendship”.
Este espaço é todo seu, Lady Carmesin. Fique à vontade para compartilhar o que desejar com a nossa comunidade.
Esperamos ansiosamente por mais oportunidades de novos bate papos. Agradecemos por tornar este momento tão especial. Agora, por favor, presenteie-nos com o seu “Friendship”.
😅 Imagine mentalmente a voz do narrador dizendo “FINISHER”:
LadyCarmesin: Gostaria de agradecer pela oportunidade. Foi um bate-papo bem legal sobre uma das coisas que mais gosto. Brigadão! Agradeço ao pessoal que acompanhou a entrevista e convido-os a conhecerem o pouquinho que faço nos jogos de luta. Podem me encontrar no Twitter (agora X), Twitch e YouTube como Gisele Bizarra ou LadyCarmesin. Essas são as três redes nas quais falo mais de jogos.
